Assim como o pernambucano, peço um pouco mais de paciência, por favor. Chegamos ao fundo do poço da intolerância humana e o motivo, para mim, é a pressa. Além da geração do eu e da geração tudo o que eu quiser, o cara lá de cima vai me dar, somos resultado do uso descontrolado do controle remoto, zapeando de emprego, de carro, de mulher e de amigos. Mudamos, pois podemos! Viva o novo! É a liberdade que a propaganda de cigarro pregava na época, quando fumar não era, assim, tão feio.
Éramos mais pacientes e compreensivos quando tínhamos que nos levantar do sofá para mudarmos de canal. Éramos mais tolerantes na época dos toca-discos, quando tínhamos que ouvir três músicas que não gostávamos para, então, chegarmos na nossa preferida. Ou quando esperávamos o motor do carro a álcool esquentar com o afogador. Ou com forno a gás antes do micro-ondas, quando a fome aguentava esperar mais do que quarenta segundos. Ou ainda com o fax antes do e-mail e antes dele, a carta.
Mais lentos, porém mais felizes, olhávamos nos olhos e esperávamos que o outro terminasse a frase antes de começarmos a falar. As notícias vinham escritas em um jornal que era impresso uma vez ao dia, nos permitindo, assim, uma melhor digestão dos fatos e do café da manhã. Hoje não. Com essa agilidade de informações se um japonês espirrar do outro lado do mundo, dá tempo de, educadamente, desejarmos saúde. O problema é que com essa pressa não há mais tempo para a cordialidade e educação. Time is money, e o tempo não para. Até um aperitivo antes do almoço, solicitado, a lá carte, ao garçom perdeu o sentido nesse mundo self-service pago com cartão de débito-digite-a-senha-por-favor. Sem nos olharmos nos olhos.
Tudo é para ontem. Tudo é urgente, imediato. Sejamos sinceros: quantos ainda leem livros da dedicatória à última página? Ninguém mais tem tempo e o mais engraçado é que os que reclamam dessa situação nada fazem para mudar. Parece que sempre esperamos um susto, como um enfarte, para levarmos a vida com mais calma e leveza. Temos é que aprender com o Lenine, afinal a vida é tão rara...
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A música pulsa como um Eco, estes sons meus amigos são os nossos teleco tecos que vibrantes pulsam igual nossos corações, valeu o comentário!!