sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Evoluindo...indo e indo...


De todos os gêneros musicais da nossa MPB com certeza um dos que mais evoluiu foi o samba. Partindo da premissa que a palavra evolução aqui neste post quer retratar os processos de transformação sem julgo de qualidade musical, quero falar-lhes um pouco de minha percepção da "evolução" deste gênero aqui limitado ao cenário do Rio de Janeiro, o qual faz com que tradicionalistas e modernistas promovam debates que vão de botecos até livros e teses de pós doutorado. Considerando que o samba é fruto do cotidiano, refletido através de suas "tendêcias sonororas" convido-os a viajarem comigo neste processo "evolutivo": Uma das primeiras fases de evolução do samba, segue junto a evolução do rádio. A música Pelo Telefone marca o processo de transição do gênero rumo a era do rádio e também da evidência da imagem dos compositores de samba. Sambistas começavam a tomar maior visibilidade na industria cultural, surgiam fortes conflitos de legitimilidade das músicas, onde estar no rádio era sinônimo de "trocados" no bolso e parcerias sociais influentes; que saldariam vantagens dentro do status social nos padrões impostos na época e evoluiu....
...para uma fase onde vários artistas do morro, através de suas harmonias e construções poéticas, seja para retratar seu cotidiano difícil ou mesmo para falar de amores, tomaram grande retrospecto. Foi a época dos sambistas do morro, que mesmo com a baixa escolaridade e miséria aparente, compunham verdadeiras obras do samba, dada sua impressionante percepção do ambiente, retratando através de sua música as nuances, tristezas, vitórias e transformações sociais, políticas e culturais, mesmo sendo tratados pelo poder dominante como cidadãos de baixa estirpe. Mesmo diante das repressões e perseguidos pela polícia eles sempre empunhavam seus intrumentos, que metaforicamente funcionavam como credenciais para manteneção de sua identidade de indivíduos.. e continuou evoluindo...
...para uma fase onde sentiu-se sucumbido por ritmos como Iê Iê Iê e a Bossa Nova. Porém garotos da zona sul encantados pelas poesias de sambistas da estirpe de Zé Ketti, Cartola, Nelson Cavaquinho entre outros; bebendo da veia do samba produziram em cinergia com estes sambistas movimentos importantes e de transformação; como o que se deu no Teatro Opinião, Zicartola e outros redutos do Rio de Janeiro. Sambas e manifestos pela liberdade cultural e de comunicação se fizeram presentes e ícones como Nara Leão e Ze Ketti, por alguns momentos uniram a "elite cultural" carioca junto a poesia de cotidiano da favela, transformando-as em um único objeto de contestação a imposição do senso comum da época, imposta pela repressão e
evoluiu......para um momento de transformação onde movimentos como o Cacique de Ramos, davam ao samba uma nova roupagem, instrumentos novos surgiam materializando o que seria considerado "a nova geração de sambistas". Críticas de vários estudiosos à parte; movimentos como o Cacique na época agiram como veículo de combate a ritimos musicais internacionais que dominavam o mercado, estimulando e contribuindo para o reaparecimento de ícones como Candeia entre tantos outros. O samba renasce e junto a ele uma nova forma de entender e pensar samba também...mas a evolução continua......para uma fase marcada pelo surgimento do pagode, uma forma de fazer samba com letras e musicas mais comerciais e de fácil assimilação, período da democracia, libertas já. Aparecem e somem muitos grupos neste período. Nesta fase a Industria Cultural e os sambistas desta nova safra faturam muito dinheiro. Surgem algumas misturas como o sambanejo que viram uma febre em todo o país, dominando as rádios e fazendo os sambistas mais tradicionais voltarem ao ostracionismo nas grandes gravadoras, mas a evolução prossegue como o cotidiano...para uma fase marcada por traços de renovação e movimentos de resgate. Com o advento da Internet o público começa a descobrir os sambistas mais tradicionais e novos talentos surgem misturando o tradicional com o moderno. As gravadoras preocupadas, não conseguem se adaptar ao novo processo, ressurgem projetos, blogs, sites e os desconhecidos mais uma vez ressurgem, onde o que parecia inusitado vira algo quase tangível, em um período onde tradicionalismo e modernismos se convergem no universo sambístico rumo a uma nova fase de evolução e ilustres anonimos retornam ao cenário cultural através destes veículos mas a evolução ...
ainda continua seu caminho, nossos cotidianos se locomovem a percursos que poderão conduzirnos a um novo voô com novas transformações e possibilidades. por Fábio
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A música pulsa como um Eco, estes sons meus amigos são os nossos teleco tecos que vibrantes pulsam igual nossos corações, valeu o comentário!!